Dia 21 de Outubro (terça-feira) das 14h00 às 18h00
RESUMO: Na década de 2010, iniciamos a quarta década de Aids no Brasil, mas o que temos visto é um retrocesso nas ações programáticas da escola voltadas à prevenção. Nas décadas anteriores, principalmente na de 1990, as ações contemplavam informações sobre saúde sexual e reprodutiva, educação de pares e distribuição de preservativos, atualmente pouco, ou quase nada, tem sido feito nesses espaços, ocasionando um aumento no número de infecções entre os jovens e de gravidez indesejada. Quando a temática é trabalhada nas escolas, na maioria das vezes fica restrita às aulas de biologia e à sexualidade, ao campo do corpo reprodutor. Aliados a esse cenário, temos o racismo, o sexismo, o machismo e a homofobia como barreiras que dificultam a execução de ações de prevenção mais efetivas. Nesse sentido, os estereótipos associados à Aids, à gravidez, à raça, ao gênero, à orientação sexual e à identidade de gênero constroem supergeneralizações a partir de atributos negativos. Por exemplo, a menina pedir para o namorado usar camisinha pode ser entendido como se ela fosse colocá-lo em uma situação de risco, pois, para ele, ela deve ser uma “galinha” e já ter tido relações sexuais com outra pessoa. Então o que vemos é que essa menina, provavelmente, não irá insistir para a utilização do preservativo ou sequer irá pedir a sua utilização. Situações como essa apresentada no exemplo, assim como situações de racismo e homofobia, têm contribuído para a feminilização da epidemia de Aids, principalmente entre as mulheres negras, para um aumento da gravidez indesejada entre jovens e uma alta prevalência de Aids entre jovens homossexuais e transgêneros. Nesse sentido, as ações nas escolas têm fundamental importância na resposta à Aids por ser um local onde encontramos muitos jovens e proporcionar trabalhos de diversos setores (educação, assistência social, saúde), mas essas ações devem considerar e trabalhar os estereótipos construídos intersubjetivamente nas relações estabelecidas; o que não é uma tarefa fácil de ser realizada pelos profissionais envolvidos, seja por desconhecimento, seja por questões morais e religiosas. Este curso pretende discutir essas questões e apresentar formas de trabalhá-las junto aos jovens e profissionais, a partir da realização de um exercício prático que poderá servir como exemplo de oficina. A oficina que será trabalhada tem sido realizada como uma das ações de um projeto de pesquisa de disponibilização de preservativos em escolas públicas de três cidades do Vale do Ribeira/SP e da capital, São Paulo. Palavras-chave: Jovens. Estereótipos. Oficinas. |